domingo, 28 de setembro de 2008

O EXEMPLO DAS ROSAS

Uma mulher queixava-se do silêncio do amante:
- Já não gostas de mim, pois não encontras palavras para me louvar!
Então ele, apontando-lhe a rosa que lhe morria no seio:
- Não será insensato pedir a esta rosa que fale?
Não vês que ela se dá toda no seu perfume?"

Manuel Bandeira

sábado, 13 de setembro de 2008

DISTÂNCIA

Quando o sol ia acabando
E as águas mal se moviam,
tudo que era meu chorava
da mesma melancolia.
Outras lágrimas nasceram
com o nascimento do dia:
só de noite esteve seco
meu rosto sem alegria.
(Talvez o sol que acabara
e as águas que se perdiam
transportassem minha sombra
para a sua companhia...)
Oh!
mas nem no sol nem nas águas
os teus olhos a veriam...
_que andam longe, irmãos da lua,
muito clara e muito fria...

(Do livro Viagem de Cecília Meireles)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

SEXOS DA VÍRGULA

tira-teima

Na frase: " Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura".
Se você for mulher, é bem possível que coloque a vírgula depois de "mulher".
Mas, se você for homem, é bem possível que a vírgula venha depois de"tem".

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O PARNASIANISMO: UM ESTILO ALIENADO

Escrever poemas era privilégio de poucos e os seus versos eram produto da forma. Assim era o Parnasianismo. Um estilo que surgiu com uma forte influência clássica e que se esbarrava na própria arte. Os poetas parnasianos se embasavam nos princípios de que a arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não em sua relação com o mundo exterior, o que os tornava altamente alheados do mundo e isto se refletia na literatura que produziam.
A alienação desta arte se deve ao fato de que não há liberdade no fazer poético. O rigor formal não permite que o poeta crie livremente . Este fica preso a um estilo que idolatra a beleza da "perfeição". O seu universo se restringe a arte poética, a fazer arte sobre arte. Não se escreve de outra maneira . A metalinguagem é o único assunto. O poeta não pode expressar os seus sentimentos e nem falar de problemas sociais que afligem a sociedade.
Além disso, só a burguesia tinha acesso à literatura parnasiana, já que o alto teor da linguagem empregado nesta literatura, fazia com que o entendimento estivesse ao alcance de poucos. Apenas os altamente letrados estariam aptos a escrever e também a entender. Da burguesia para a burguesia. Um verdadeiro círculo vicioso! O perfeccionismo formal era tamanho que não permitia o fácil entendimento das ideias. Então, para os iletrados era praticamente impossível dicernir o queria dizer esta poesia. Entretanto, a aplaudiam...Afinal , uma poesia com formas tão requintadas, quem não se apaixonaria?!
É comum que a literatura seja um meio de denunciar as falcatruas do mundo , os conflitos do homem e qualquer coisa que esteja relacionada ao ser humano. Como é sabido, não se escreve do nada, sempre se toma como referência alguém ou alguma coisa para compor poemas. Não podemos afirmar que os parnasianos compunham do nada, mas utilizavam-se de temas, objetos completamente alheios à realidade. Como por exemplo, tinham como referência os clássicos da Grécia Antiga, exatamente para desvincular o leitor do mundo real e fazê-lo "viajar na maionese", de forma que esse leitor ficasse limitado à superficie das palavras e não se envolvesse com a parafernália cotidiana. A intenção era essa!
Daí, o Parnasianismo ser uma arte que se esgota em si mesma. Semanticamente, é uma poesia pobre. O leitor como foi dito antes, limita-se a ler a superficialidade das palavras, pois estas não dão margem a mais de uma interpretação. O conteúdo de um poema parnasiano se refere a um único assunto e é desvinculado da vida, ou seja, é extremamente escasso de sentido.
Poesia não serve para denunciar os problemas reais, muito menos menos para expressar os sentimentos do poeta, assim pregavam os parnasianos. Em outras palavras, a realidade social e humana não era contemplada, pois não tinha nenhum valor para estes. Para eles, o objetivo maior da arte não é tratar dos problemas corriqueiros, mas alcançar à "perfeição" em sua construção: rimas métricas, vocabulário seleto, equilíbrio, controle das emoções, etc. Isto era extremamente maléfico para a sociedade e para eles mesmos, principalmente, porque desprezavam os temas individuais, de tal forma , que propunham o aniquilamento do próprio eu.
Se fizermos uma análise profunda do "caos" deste período literário, veremos que o mesmo se constitui uma poesia alienada, porque reforça o atraso e o subdesenvolvimento do Brasil. Ela reflete a dependência cultural do nosso povo. Põe em evidência a extrema pobreza intelectual dos escritores, pois estes copiavam os padrões metropolitanos europeus em geral. Com efeito, na medida em que não existia público suficiente, os parnasianos escreviam como se na Europa estivesse o seu público ideal e assim se separavam de sua terra. Isto dava nascimento a obras que os autores e leitores consideravam altamente requintadas, porque assimilavam as formas e valores da moda européia. Mas que infelizmente não passavam de mera alheação cultural não justificada pela beleza da forma.
Assim, a poética parnasiana em nada elevou a capacidade intelectual , social e muito menos, o senso humanitário das pessoas. Apenas foi mais um "estilozinho" que veio para contrariar o Romantismo , isto é, negando qualquer sentimento, dando lugar ao culto da forma. Como dizia o pai do Parnasianismo, Olavo Bilac: " Deusa Serena, Serena Forma". Além disso, nada mais há.
Marlucy

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

EPIGRAMA N° 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.

(Do livro Viagem de CECÍLIA MEIRELES)

RESUMO:CARTA SOBRE A FELICIDADE

CARTA SOBRE A FELICIDADE ( A Meneceu) de Epicuro


Exortação a Meneceu para levá-lo a mais completa felicidade:
Em primeiro lugar, é necessário vencer o medo da morte, pois não há nenhuma vantagem em viver eternamente: o que importa não é a duração, mas a qualidade da vida.
Para ele, o desejo do corpo deve ser controlado, porque às vezes pode resultar em dor. Prazer seria o equilibrio entre a saúde do corpo e a tranquilidade do espirito. Em relação ao prazer mais vale a qualidade do que a quantidade.
E por último, o homem sábio jamais deve acreditar cegamente no destino e na sorte como se fossem fatalidades inexoráveis e sem esperança.


Cronologia de Epicuro



Epicuro nasceu em 341 a. C. na Ilha grega de Samos, mas herdara do pai a cidadania ateniense. Estudou filosofia dos 14 aos 18 anos com o filósofo platônico Pânfilo. Funda sua própria escola em Cólofon. Tenta fundar outra em Mitilene, mas é impedido pelos aristotélicos. E vai para Lâmpsaco onde funda sua escola e tem como adeptos : Hermarco, Colotes, Metrodoro, Pítocles e Heródoto e Meneceu. Sua célebre escola foi em Atenas conhecida como O Jardim de Epicuro. Entra em conflito com platônicos e aristotélicos, durante sua trajetória. E faleceu aos 72 anos.