VENTO VADIO
Às vezes vem um vento
e levanta a aba do pensamento
jogando o meu chapéu
pra lá da possibilidade
Chacal
Foi no princípio dos anos 70 que os primeiros poetas marginais apareceram. Sem espaço para editar seus livros nas grandes editoras (que também sofriam censura) e desprezando qualquer ideia de prestígio intelectual, eles bolaram uma saída bastante caseira e interessante. Começaram a imprimir seus poemas em mimeógrafos, fzendo edições artesanais de seus livros. Esses livrinhos passaram a circular de mão em mão. Assim, a designação marginal se restringia ao modo de circulação dos livros(à margem da indústria editorial) não se referindo nem ao estatuto literário dos textos nem à condição social dos autores , em grande parte pertencente à classe média ou mesmo à elite.
Chacal (Ricardo Carvalho Duarte), um dos primeiros representantes desse movimento, coloca em seus versos àfala cotidiana , incorporando recursos como a linguagem dos jornais e as gírias, sempre com muita graça e suíngue. Nascido no Rio de Janeiro em 1951, Chacal continua em plena atividade, fazendo leituras públicas e publicando poemas.
Outro poeta marginal
Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma ideia clara
Só existe um segredo.
Tudo está na cara.
Paulo Leminski